A TI no Mundo das Nuvens

Cloud Computing presume que em um futuro próximo não mais precisaremos ter softwares, sistemas, aplicativos, hardwares, arquivos etc em nossos computadores, pois eles estarão em algum lugar, mais precisamente na chamada Nuvem, formada por uma intrincada rede de servidores, computadores e plataformas que, interconectadas, possibilitam ao usuário comum o acesso móvel e convergente, em padrão anytime-anywhere, a aplicativos de edição de texto e imagem, planilhas, apresentações, e-mails, softwares de gestão, bem como ao usufruto remoto e on-demand de recursos de hardware (como processamento e armazenamento, que poderão ser utilizados ou acessados num modelo de serviços em que se paga pelo uso e não pela posse).

Para nós da E-Consulting, Cloud Computing é uma das mais importantes tendências emergentes nos próximo 2 anos, tanto é que entrou, este ano, como Hot Tech em nosso estudo anual 7 Hot Techs, que aponta as 7 tecnologias mais relevantes dos próximos 2 anos. Justamente por isso, gigantes como Sun, Microsoft, Amazon, Nokia e Google procuram fazer parte deste jogo e assumir a dianteira na oferta de modelos de serviços cost-effective aos usuários comuns… ou seja, nós.

Na visão do Gartner, no mundo Cloud “alguém vai assumir a responsabilidade de entregar algumas funções de TI como serviços para alguns clientes e estes não precisarão saber como elas funcionam, pois simplesmente as usarão”. De fato, Cloud Computing e a visão de TI on-demand, como serviços, têm tudo a ver.

Dentre os 3 principais benefícios do Cloud Computing, podemos destacar:

-Maximização de Ativos e Investimentos em TI, por exemplo, pelo melhor aproveitamento dos investimentos em hardware (consolidação e compartilhamento de hardware com métodos de gerenciamento eficiente e localidades de baixo custo, possibilitando economia individual aos usuários pelo rateio por diversos, milhares de usuários),

-Ganhos de Flexibilidade, a partir do aumento da capacidade de processamento, que poderá ser contratada sob demanda, bem como com a entrega imediata upgrades de equipamentos e software e independência de localidades geográficas e padrões tecnológicos (interoperabilidade).

-Democratização do Acesso/Uso, uma vez que de posse de um browser e uma boa conexão à internet, o usuário comum poderá acessar, via celular, smartphone ou TV Digital, um computador de alta performance sem a necessidade de manter altos investimentos em hardware e infra-estrutura.

Por outro lado, alguns riscos importantes são inerentes ao modelo de negócio Cloud, pois este propicia o surgimento de novos “monopolistas” da rede.

Em outras palavras, quando se trata de padrões tecnológicos, a história nos mostra que “the winner takes it all”. Vale lembrar que o Google já levou o mercado de ferramentas de buscas na Web e a Microsoft o de softwares, principalmente para usuário individual, como o pacote Office.

Por isso, opiniões contrárias respeitáveis e também críticas alarmistas ao modelo pipocam a todo momento na blogosfera e nas mídias específicas. Para Richard Stallman, fundador da Free Software Foundation e criador do GNU, o Cloud Computing é uma armadilha que forçará as pessoas a comprar softwares proprietários. Para ele, “os usuários deveriam manter seus arquivos nas próprias mãos – ou HDs… pois, do contrário, poderão se ver tendo que pagar para acessá-los de uma hora para a outra, tornando-se reféns das empresas e, portanto, indefesos”.

O fato é que o mercado parece rumar a todo vapor para o padrão Cloud, principalmente porque este parece beneficiar usuários PF e micro, pequenas e médias empresas, a grande massa de usuários que não têm vocação, demanda ou capital para investimentos em softwares mais pesados. E no meio desta discussão de prós e contras, players como Google e Amazon parecem surfar esta onda de maneira mais agressiva.

O Google, por exemplo, com data centers espalhados pelos 4 cantos do mundo, utiliza-se de sua capacidade de escala e poder na Web para ofertar serviços a milhões de usuários em diversos países.

Já a Amazon, uma das pioneiras no Cloud Computing, adotou a estratégia Cloud para o aproveitamento e rentabilização da capacidade ociosa de seu parque tecnológico, inicialmente dimensionado para o atendimento de seus momentos de pico (datas críticas, períodos de maior movimento, etc). Com isso passou a alugar, como serviço, parte desta capacidade ociosa ao mercado, criando linhas de serviço específicas para esta finalidade.

Em 2006, por exemplo, a grande varejista lançou 2 serviços abertos ao público: o Simple Storage Solution (S3), que permite ao usuário comprar espaço para armazenar arquivos online, e o Elastic Compute Cloud (EC2), que permite ao usuário se utilizar de máquinas virtuais completas.

No mundo corporativo a tendência também vem ganhando força, principalmente no universo das PMEs que acreditam que a TI pode fazer diferença em sua produtividade e competitividade. Por exemplo, a salesforce.com, empresa que comercializa softwares de gestão no modelo IT Service, já possui mais de 55.000 empresas clientes utilizando seu CRM.

Entretanto, apesar de os movimentos e altos investimentos para massificação da adoção do Cloud Computing andarem em ritmo acelerado, algumas questões relacionadas à segurança da informação, acesso íntegro aos sistemas e bancos de dados, assim como modelos de cobrança, garantias e qualidade de serviços, ainda carecem de definições e normativas que propiciem a confiabilidade necessária para que se veja o real potencial do Cloud se transformar em valor para o usuário. Modelos de SLA específicos para abordagem Cloud devem ser criados, bem como algum aparato jurídico para proteção de dados, níveis de permissão e demais questões relacionadas à segurança da informação, dos ativos de conhecimento e do próprio usuário.

Independentemente dessas questões, para nós o Cloud vai pegar… e coexistir com os modelos tradicionais de aquisição de software e hardware. E vai pegar porque funciona, porque, muitas vezes, é mais barato, tanto nominalmente, quanto em termos de custo X benefício, e porque é convergente… ou seja, nossos celulares, smart-phones, handhelds, TVs Digitais, PCs e notebooks nos levarão diretamente às nuvens, onde processaremos informação, usaremos serviços, armazenaremos conhecimento, trocaremos comunicação, buscaremos entretenimento, dentre outros.

Estranho pensamento, mas este início de Séc. XXI está, de certa forma, detonando o mito de que “estar com a cabeça nas nuvens” é uma atitude meramente negativa. O bolso e a comodidade parecem pesar mais para o usuário do que a segurança e a posse. Inversão de valores? Será? Bem-vindos aos dilemas da era Cloud!

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