WEB 3.0 – Internet Viva e Inteligente. Mas já?

A WEB 2.0 mal chegou à realidade das empresas e o surgimento e uma nova onda – a WEB 3.0 – mostra seus contornos e tendências nos fóruns, comunidades, palestras e debates (virtuais ou “reais”) que participamos.

Mais um modismo? Não há motivo para uma descredibilização antecipada. Este artigo tem o objetivo de mostrar as tendências de médio e longo prazo que os radares corporativos deverão captar e transformar em oportunidades de negócio para exploração nos momentos oportunos.

E o que é esta tal de WEB 3.0?

Em uma analogia com o sistema de permissão de arquivos, a WEB 1.0 era apenas para leitura e consulta (read-only). Já a WEB 2.0 permite leitura e alteração (read-write) em uma dinâmica de colaboração com o usuário. Segundo os principais pesquisadores e referências no tema, a WEB 3.0 será a onda da Internet integrada, viva, inteligente e proativa (read-write-execute).

Em outras palavras, é a WEB que deixará de ser um repositório descentralizado de conhecimento, acessado por ferramentas que respondem reativamente aos comandos do usuário. A WEB 3.0 será uma caixa de soluções às necessidades e desejos dos usuários, automatizando os processos de tradução destas demandas em tarefas práticas e objetivos (o que hoje é feito, como maior ou menor grau de eficiência, pelos próprios usuários).

Quando se fala de uma WEB inteligente, que permite ao usuário interagir com maior grau de abstração, ao ponto de responder precisamente a questões subjetivas como “qual é a melhor configuração para meu computador hoje?”, para que uma pergunta como essa faça sentido para máquinas e códigos e desencadeie uma série de ações e procedimentos, o principal conceito envolvido é a Semântica aplicada à WEB, em que os computadores deixam de compreender apenas a “forma” e passarão a absorver o “significado” das informações, adquirindo a capacidade de criar relacionamentos em um processo integrado que compreende:

  1. Busca de informações, porém de forma muito mais precisa, qualificada e relacional (não dependendo apenas da definição de tags e palavras-chave). Passa se a achar e resgatar a informação específica (dado, pessoa, notícia, local, empresa, etc) dentro de uma página, ao invés da página toda, como exemplo. Para visualização prática desta precisão de busca, conheça os conceitos-base do Yahoo Pipes.
  2. Coleta, processamento, compilação e organização do vasto repositório de dados e informações encontrados, agregando poder analítico através de ferramentas de BI, em uma atividade recorrente de centralização, atualização e descentralização de dados online. O case da BBC Music Chart expressa a primazia na utilização de diversas fontes de dados para gerar resultados analíticos únicos.
  3. Apresentação de informações e conhecimento de forma inteligível, simples e direta em uma interface agradável, intuitiva com alto grau de usabilidade e experiência. Instale o plug-in do programa Cooliris em seu navegador e entenda como a busca e visualização de imagens pode ser radicalmente diferente.

Para que tais etapas de um processo 3.0 de WEB sejam realizadas de forma sistêmica, um momento de estruturação da WEB (arrumação da casa) é necessário. Ou seja, a adoção de linguagens abertas de dados e informações (RDF, OWL, SWRL, SPARQL, GRDDL) e a maior integração dos diversos ambientes virtuais, com iniciativas como o Data Portability, que busca a integração de perfis e cadastros de consumidores de diversos sites como Microsoft+Google+MySpace+Facebook, criando amplas sociedades virtuais são essenciais.

As tendências tecnológicas e comportamentais na WEB normalmente são impulsionadas por novas tecnologias que surgem e evoluem diariamente, sejam elas tecnologias na acepção mais comum do termo (hardware e software) ou tecnologias humanas e sociais. A velocidade com que surgem novas ferramentas, sistemas e opções tecnológicas é tão alta que a assimilação e adoção em larga escala fica comprometida desde o início.

Talvez seja por este motivo que apesar de já existirem e serem utilizados para algumas aplicações, os elementos da WEB 3.0, a WEB Semântica (Microformats e RDFa, por exemplo), ainda não se disseminaram largamente. Ou seja, quem dita o ritmo, frequência e intensidade das ondas da WEB são os usuários (clientes da WEB) e não a capacidade inventiva e inovadora de seus fornecedores (futuristas, criativos, desenvolvedores, programadores, webmasters, etc)

O grau de desconfiança que usuários, consumidores e desenvolvedores/programadores possuem em relação a inovações é alto. Convencê-los que os esforços (tempo e recursos) que terão que despender (principalmente quando falamos de gerações que não nasceram no ambiente digital, principalmente no caso de usuários) para dominar a mais nova tendência de mercado não serão jogados fora nos próximos meses com mais uma revolução ou inovação que “desta vez” irá solucionar os problemas de forma mais simples e atender a todas as necessidades e desejos é o grande desafio.

Os fatores críticos de sucesso nesse novo ambiente estão absolutamente ligados à simplicidade, aplicabilidade, cost-effectiveness, usabilidade e intuitividade inerente às inovações das novas ondas da WEB e uma visão clara de benefícios e resultados.

Quanto mais complexa, intricada e redundante, menor as chances de seu sucesso e adoção. Nestes 3 aspectos a WEB 3.0 ainda patina. Resta saber se as possibilidades criadas pelas novas tecnologias terão aplicabilidade e trarão resultados claros que justifiquem o batismo de uma nova onda da Internet.

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